1 de fevereiro de 2019

FREGUESIA DE PAÇOS O renascer de uma Romaria










A freguesia de Passos, ou, com rigor histórico, “Paços”, por iniciativa da Junta de Freguesia e da Comissão de Festas, unindo outras forças vivas da localidade, retomou a festividade em honra de São Vicente, padroeiro da freguesia desde tempos imemoriais.
As boas gentes de São Vicente de Paços, com o seu bairrismo cada vez mais fortalecido, e legítimo orgulho pelas suas raízes e tradições, resgatou, (e bem), a velha Romaria de São Vicente, quase sem expressão há cerca de uma década.
As festividades de Inverno podem ser ingratas e, em muitas localidades, acabam por ser mudadas para época de clima mais ameno… Mas o dia de São Vicente celebra-se a 22 de Janeiro e, durante mais de duas décadas, o pároco de Paços, Manuel Novais assinalou a data do padroeiro com celebrações religiosas.
A Romaria de outrora, alegadamente modesta, com pouca visibilidade, acabou por adormecer sob o Pinheiro Manso.
Após o enorme sucesso do evento “Camilo em Passos”, encetado em 2018, a comunidade activa da freguesia, compreensivelmente motivada, assumiu a revitalização da Romaria (Festa) em honra do mártir São Vicente, protector das crianças contra as bexigas (varíola), padroeiro da freguesia de Paços e da Diocese da capital portuguesa, para além de outras localidades.
Motivação, determinação, coragem e incondicional amor pelo torrão natal ou adoptivo, tem conduzido a comunidade “pacense” no caminho de um desenvolvimento sustentável, contra algumas contrariedades externas que já lesaram algum património da freguesia. Lembre-se o caso recente da destruição da ponte histórica sob o rio Vizela…






A FESTIVIDADE

Os festejos em honra de São Vicente decorreram em cinco dias do mês de Janeiro: No domingo, dia 20, os tambores do agrupamento local de Escuteiros percorreu a freguesia anunciando a Festa.
No final da tarde de terça-feira, dia 22, na Igreja Paroquial de Paços, foi celebrada uma missa dedicada ao Santo Vicente, assinalando o 1715º aniversário da morte do diácono, que teria sido mandado prender em Saragoça pelo imperador romano Diocleciano. Conduzido depois para Valência, Vicente foi martirizado e queimado vivo, falecendo em 22 de Janeiro do ano 304…







A Festa teve o seu desenvolvimento durante todo o fim-de-semana, dias 25, 26 e 27, num agradável e acolhedor espaço recentemente requalificado, junto ao complexo desportivo, por iniciativa da Junta de Freguesia de Passos.
No início da noite de sexta-feira, 25 subiu ao palco, Rui Mendes, com uma participada aula de Zumba, seguindo-se-lhe o grupo musical “Carolina & Ezequiel” acompanhados por duas bailarinas.
A noite esteve fria mas, do palco da festa, irradiou a energia necessária para o aquecimento de quem se aventurou na dança.





No sábado, depois de uma missa, pelas 20h30, saiu uma procissão de velas com a imagem da Senhora de Fátima, conduzida por quatro mulheres. À frente, Escuteiros do Agrupamento local do CNE. Na cauda, muitas dezenas de velas com o brilho da devoção.





Era chagado um dos momentos altos da Romaria, a noitada, que levou ao palco “Os Trastes”, um jovem e promissor grupo fafense de música popular e tradicional, motivado por uma muito recente aparição na RTP 1.
Foi uma noite de grande animação, em português popular bem interpretado, que agradou muito às várias centenas de populares que passaram no recinto da Festa, entre o recanto das bifanas e das bebidas, e o terreiro onde, durante duas horas, se dançou, saltou e cantou. Um público magnífico que, seguramente, agradou aos “Trastes”, que tiveram direito a um ancore.





A noite, memorável, terminou com uma prolongada e vistosa sessão de fogo-de-artifício. 

Ao princípio da tarde de domingo, o Rancho Folclórico de Paços subiu ao tabuado para mais uma actuação repleta de tradição, com viras, chulas e uma extraordinária recriação de uma desfolhada, que “alimentou bocas e regou gargantas”.
Apesar de uma tarde gélida e ventosa, a actuação do Rancho da terra foi bem assistida, provando que o nosso folclore ainda tem muitos admiradores, que não pouparam ovações generosas ao bom desempenho dos oito pares de dança e mais de uma dezena de tocadores e cantadores.

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Pelas 15h45, da Igreja Paroquial, tocada por tímidos raios de Sol, saiu a procissão, um cortejo sem precedentes na freguesia em honra do Padroeiro São Vicente, “o mais célebre dos mártires hispânicos, o único que se encontra incorporado na liturgia da igreja universal”.
À frente da procissão, os escuteiros de Paços fixaram a marcha com os seus instrumentos de percussão: tambores, bombos e pratos.
Logo atrás, em fila dupla, seguiram os membros do Rancho Folclórico de Paços trajados de memória, emprestando um agradável e alegre colorido ao cortejo.
Seguiram-se os estandartes: do “Povo desta Freguesia”, oferecido em 2015, representando uma cena da aparição da Virgem aos Pastorinhos, e outro, vermelho escarlate, do Sagrado Coração de Jesus.
A Cruz Processional a pontuar a abertura do cortejo dos andores, caprichosamente asseados, com um total de sete imagens de invocação, pela ordem seguinte: Senhora de Fátima, Divino Menino Jesus de Praga, São José, São Sebastião, Santa Bárbara, Beata Maria Clara do Menino Jesus; a fechar, a imagem maior do Padroeiro São Vicente mártir.
Entre os andores, conduzidos por homens e mulheres em número de quatro por cada charola, vistosos figurantes (anjinhos), crianças e jovens recriaram personagens da iconografia cristã, e deram um brilho especial ao cortejo.
Seguindo o andor do mártir S. Vicente, o Pálio, erguido por seis homens, abrigou o Santo Lenho, solenemente conduzido pelo pároco da freguesia.
Muitas dezenas de fiéis fecharam a procissão de S. Vicente, uma das mais luzidas e participadas de que há memória na localidade.





A Romaria de São Vicente de Paços 2019 fechou com cantares ao desafio com Naty Vieira e Jorge Martins, acompanhados pela concertina de André Matos. Um número muito apreciado entre nós, que, apesar do frio, teve uma assistencia generosa.





A Romaria de São Vicente de Paços foi retomada, em 2019, com grande elevação, pelas forças vivas da freguesia que não pouparam esforços para, fazendo jus ao crescente bairrismo, realizaram uma Festa bem-sucedida, com muita “prata da casa”, onde o São Pedro foi solidário… o tempo esteve frio, mas a pouca chuva que caiu sequer beliscou os festejos.
Numa freguesia pequena em população, vi mulheres e homens empenhados, multiplicar tarefas; retive na memória membros da organização a servir no bar, pegando ao banzo de andores, subindo ao tabuado com o Rancho Folclórico, tocar tambores nos Escuteiros, acender as “fogueiras de S. Vicente” no recinto da Festa, e, ainda, em expressiva diversão junto a um palco muito animado.
Homens, mulheres e jovens de enorme valor que, privando-se de muitas horas de descanso e lazer, numa atitude nobre e generosa de amor à terra de Paços, deram o seu suor em prol de mais um evento coroado de êxito.
S. Vicente de Paços está de parabéns por continuar na senda de um progresso sustentável, onde a qualidade de vida das pessoas é uma prioridade.
O tempo dos “caminhos barrocais” e das “laranjas amargas” acabou…
Paços está na moda, por acção de uma liderança local ambiciosa, bairrista, aglutinadora, resolvida a encarar de frente os problemas e, gradualmente, realizar velhos e novos anseios de uma população cada vez mais orgulhosa numa terra simpática de gente boa e trabalhadora.
Os caminhos, agora, são bons, e as laranjas um doce e promissor cartão de visita… 
Muito mais teria para dizer. Fico-me por aqui… sem antes deixar o meu sincero obrigado pelo acolhimento e simpatia dos “Pacenses”, em particular aos obreiros desta festa maravilhosa, que, espero, voltar a ter o privilégio de assistir e registar, para a posteridade, nos próximos anos.


São Vicente de Paços  embarcou no comboio do progresso...


AGRADECIMENTOS

Comissão de Festas de Passos
Junta de Freguesia de Passos
Agrupamento de Escuteiros de Passos
Grupo Cultural e Desportivo de Paços
Rancho Folclórico de Paços


 Artigo noticioso com opinião.












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