A freguesia de Passos, ou, com rigor histórico, “Paços”, por
iniciativa da Junta de Freguesia e da Comissão de Festas, unindo outras forças
vivas da localidade, retomou a festividade em honra de São Vicente, padroeiro
da freguesia desde tempos imemoriais.
As boas gentes de São Vicente de Paços, com o seu bairrismo
cada vez mais fortalecido, e legítimo orgulho pelas suas raízes e tradições,
resgatou, (e bem), a velha Romaria de São Vicente, quase sem expressão há cerca
de uma década.
As festividades de Inverno podem ser ingratas e, em muitas
localidades, acabam por ser mudadas para época de clima mais ameno… Mas o dia
de São Vicente celebra-se a 22 de Janeiro e, durante mais de duas décadas, o
pároco de Paços, Manuel Novais assinalou a data do padroeiro com celebrações
religiosas.
A Romaria de outrora, alegadamente modesta, com pouca
visibilidade, acabou por adormecer sob o Pinheiro Manso.
Após o enorme sucesso do evento “Camilo em Passos”, encetado
em 2018, a comunidade activa da freguesia, compreensivelmente motivada, assumiu
a revitalização da Romaria (Festa) em honra do mártir São Vicente, protector das
crianças contra as bexigas (varíola), padroeiro da freguesia de Paços e da
Diocese da capital portuguesa, para além de outras localidades.
Motivação, determinação, coragem e incondicional amor pelo
torrão natal ou adoptivo, tem conduzido a comunidade “pacense” no caminho de um
desenvolvimento sustentável, contra algumas contrariedades externas que já
lesaram algum património da freguesia. Lembre-se o caso recente da destruição
da ponte histórica sob o rio Vizela…
A FESTIVIDADE
Os festejos em honra de São Vicente decorreram em cinco dias
do mês de Janeiro: No domingo, dia 20, os tambores do agrupamento local de
Escuteiros percorreu a freguesia anunciando a Festa.
No final da tarde de terça-feira, dia 22, na Igreja Paroquial
de Paços, foi celebrada uma missa dedicada ao Santo Vicente, assinalando o
1715º aniversário da morte do diácono, que teria sido mandado prender em
Saragoça pelo imperador romano Diocleciano. Conduzido depois para Valência,
Vicente foi martirizado e queimado vivo, falecendo em 22 de Janeiro do ano 304…
A Festa teve o seu desenvolvimento durante todo o
fim-de-semana, dias 25, 26 e 27, num agradável e acolhedor espaço recentemente
requalificado, junto ao complexo desportivo, por iniciativa da Junta de
Freguesia de Passos.
No início da noite de sexta-feira, 25 subiu ao palco, Rui
Mendes, com uma participada aula de Zumba, seguindo-se-lhe o grupo musical
“Carolina & Ezequiel” acompanhados por duas bailarinas.
A noite esteve fria mas, do palco da festa, irradiou a
energia necessária para o aquecimento de quem se aventurou na dança.
No sábado, depois de uma missa, pelas 20h30, saiu uma procissão
de velas com a imagem da Senhora de Fátima, conduzida por quatro mulheres. À
frente, Escuteiros do Agrupamento local do CNE. Na cauda, muitas dezenas de
velas com o brilho da devoção.
Era chagado um dos momentos altos da Romaria, a noitada, que
levou ao palco “Os Trastes”, um jovem e promissor grupo fafense de música
popular e tradicional, motivado por uma muito recente aparição na RTP 1.
Foi uma noite de grande animação, em português popular bem
interpretado, que agradou muito às várias centenas de populares que passaram no
recinto da Festa, entre o recanto das bifanas e das bebidas, e o terreiro onde,
durante duas horas, se dançou, saltou e cantou. Um público magnífico que,
seguramente, agradou aos “Trastes”, que tiveram direito a um ancore.
A noite, memorável, terminou com uma prolongada e vistosa
sessão de fogo-de-artifício.
Ao princípio da tarde de domingo, o Rancho Folclórico de
Paços subiu ao tabuado para mais uma actuação repleta de tradição, com viras,
chulas e uma extraordinária recriação de uma desfolhada, que “alimentou bocas e
regou gargantas”.
Apesar de uma tarde gélida e ventosa, a actuação do Rancho da
terra foi bem assistida, provando que o nosso folclore ainda tem muitos
admiradores, que não pouparam ovações generosas ao bom desempenho dos oito
pares de dança e mais de uma dezena de tocadores e cantadores.
Pelas 15h45, da Igreja Paroquial, tocada por tímidos raios de
Sol, saiu a procissão, um cortejo sem precedentes na freguesia em honra do
Padroeiro São Vicente, “o mais célebre dos mártires hispânicos, o único que se
encontra incorporado na liturgia da igreja universal”.
À frente da procissão, os escuteiros de Paços fixaram a
marcha com os seus instrumentos de percussão: tambores, bombos e pratos.
Logo atrás, em fila dupla, seguiram os membros do Rancho
Folclórico de Paços trajados de memória, emprestando um agradável e alegre
colorido ao cortejo.
Seguiram-se os estandartes: do “Povo desta Freguesia”,
oferecido em 2015, representando uma cena da aparição da Virgem aos
Pastorinhos, e outro, vermelho escarlate, do Sagrado Coração de Jesus.
A Cruz Processional a pontuar a abertura do cortejo dos
andores, caprichosamente asseados, com um total de sete imagens de invocação,
pela ordem seguinte: Senhora de Fátima, Divino Menino Jesus de Praga, São José,
São Sebastião, Santa Bárbara, Beata Maria Clara do Menino Jesus; a fechar, a
imagem maior do Padroeiro São Vicente mártir.
Entre os andores, conduzidos por homens e mulheres em número
de quatro por cada charola, vistosos figurantes (anjinhos), crianças e jovens
recriaram personagens da iconografia cristã, e deram um brilho especial ao
cortejo.
Seguindo o andor do mártir S. Vicente, o Pálio, erguido por
seis homens, abrigou o Santo Lenho, solenemente conduzido pelo pároco
da freguesia.
Muitas dezenas de fiéis fecharam a procissão de S. Vicente,
uma das mais luzidas e participadas de que há memória na localidade.
A Romaria de São Vicente de Paços 2019 fechou com cantares ao desafio com Naty Vieira e Jorge Martins, acompanhados pela concertina de André Matos. Um número muito apreciado entre nós, que, apesar do frio, teve uma assistencia generosa.
A Romaria de São Vicente de Paços foi retomada, em 2019, com
grande elevação, pelas forças vivas da freguesia que não pouparam esforços
para, fazendo jus ao crescente bairrismo, realizaram uma Festa bem-sucedida,
com muita “prata da casa”, onde o São Pedro foi solidário… o tempo esteve frio,
mas a pouca chuva que caiu sequer beliscou os festejos.
Numa freguesia pequena em população, vi mulheres e homens
empenhados, multiplicar tarefas; retive na memória membros da organização a
servir no bar, pegando ao banzo de andores, subindo ao tabuado com o Rancho
Folclórico, tocar tambores nos Escuteiros, acender as “fogueiras de S. Vicente”
no recinto da Festa, e, ainda, em expressiva diversão junto a um palco muito
animado.
Homens, mulheres e jovens de enorme valor que, privando-se de
muitas horas de descanso e lazer, numa atitude nobre e generosa de amor à terra
de Paços, deram o seu suor em prol de mais um evento coroado de êxito.
S. Vicente de Paços está de parabéns por continuar na senda
de um progresso sustentável, onde a qualidade de vida das pessoas é uma
prioridade.
O tempo dos “caminhos barrocais” e das “laranjas amargas”
acabou…
Paços está na moda, por acção de uma liderança local
ambiciosa, bairrista, aglutinadora, resolvida a encarar de frente os problemas e,
gradualmente, realizar velhos e novos anseios de uma população cada vez mais
orgulhosa numa terra simpática de gente boa e trabalhadora.
Os caminhos, agora, são bons, e as laranjas um doce e
promissor cartão de visita…
Muito mais teria para dizer. Fico-me por aqui… sem antes deixar
o meu sincero obrigado pelo acolhimento e simpatia dos “Pacenses”, em
particular aos obreiros desta festa maravilhosa, que, espero, voltar a ter o
privilégio de assistir e registar, para a posteridade, nos próximos anos.
São Vicente de Paços embarcou no comboio do progresso... |
AGRADECIMENTOS
Comissão de Festas de Passos
Junta de Freguesia de Passos
Agrupamento de Escuteiros de Passos
Grupo Cultural e Desportivo de Paços
Rancho Folclórico de Paços
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