In memoriam
Mykola
Solovyov nasceu na extinta União Soviética a 16 de Janeiro de 1969. Emigrante
Ucraniano está em Portugal desde Fevereiro de 2002. Escolheu Fafe como sua
Terra de adopção e reside no lugar de Santo Ovídio. Nicolai, nome pelo qual é
mais conhecido, trabalha há mais de cinco anos no ramo da transformação de
madeiras.
O
seu gosto pela arte da pintura leva-o a produzir trabalhos que transparecem uma
mescla das Culturas de Leste e Portuguesa.
Mykola
Solovyov é filho de militar e farmacêutica. Após completar o ensino
obrigatório, frequentou um curso profissional de 3 anos na área da marcenaria.
Aos 18 anos integrou o exército Soviético, cumprindo dois anos de serviço
militar obrigatório, em grande parte, passados no teatro das operações da
guerra do Afganistão.
Em
1991 a União Soviética é dividida e Mykola viu-se integrado na Ucrânia, como
país independente.
Na
sua terra, “Nicolai” trabalhou como decorador de interiores e foi também
vendedor de produtos alimentares.
Insatisfeito
com a difícil situação política e económica do seu país, decidiu emigrar.
Após
uma curta passagem pela Figueira da Foz, em Abril de 2002 “Nicolai” chega a
Fafe, mais concretamente ao lugar de Santo Ovídio, onde encontrou pessoas
amigas que souberam dar-lhe o apoio que tanto necessitava.
Rapidamente
este Ucraniano com porte de “Steven Seagal” integrou a comunidade santo
ovidense e com a mesma facilidade
dominou a nossa língua.
Após
trabalhar em diversas empresas locais, foi admitido nas “Madeiras de Santo
Ovídio”, onde trabalha há cerca de 5 anos.
Apelando
à sua formação em marcenaria “Nicolai” começou por produzir quadros manualmente
gravados em madeira, com os emblemas dos principais clubes nacionais de
futebol.
Associou-se
ao grupo ARCO e aí fez escola na concepção de “cabeçudos” para as festas
populares.
“Nicolai”
percebeu que podia ir mais longe e começou a pintar telas a óleo que integraram
diversas mostras; na Casa Municipal de Cultura de Fafe, na galeria do Café H7,
no Café Águias de Ouro em Bouças, no Café Óscar em Guimarães e ainda viu os seu
trabalho exposto em festas de Santo Ovídio organizadas pela Associação ARCO.
“Nicolai”
é ainda um apaixonado pela música, toca viola clássica e não raras vezes afina
as suas cordas vocais animando tertúlias, interpretando com nostalgia, canções
da terra longínqua que um dia o viu partir.
Durante
4 longos anos passou a grande provação de estar longe dos seus filhos; Elvira
de 9 anos e Ruslan com 18 anos.
A
burocracia portuguesa não se compadece com sentimentalismos e os “papéis” só
apareceram em 2006, após muito esforço e dispêndio de dinheiro que escasseava.
Homem
respeitado por todos, amigo do amigo, benfiquista por razão, grande lutador
pelo seu ideal de um dia proporcionar melhores condições de vida à sua família,
O meu amigo “Nicolai” é um exemplo de saber estar em país alheio, um artista
que consegue conciliar a dureza da serração com a subtileza do pincel. É ainda
uma boa referência para a pequena comunidade de Leste residente em Fafe.
Publicado no extinto jornal "Correio de Fafe", 2009
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