Feira do gado na Praça do Brasil (Feira-Velha) em inícios do séc. XX
Dizem alguns que a origem das Feiras Francas de Fafe perdem-se no tempo, não sendo conhecida a sua génese.
Pela mão do padre João de
Sousa Homem, que escreveu aquela que pode ser considerada a primeira
“monografia do concelho de Fafe” em 1736, sabemos que na primeira metade do
século XVIII realizavam-se, em Fafe, duas Feiras Francas: Uma no primeiro dia
de cada mês e outra nos dias 22 e 23 de Agosto de cada ano. A feira mensal
tornou-se franca por “provisão de D. João V que reinou Portugal entre 1707 e 1750.
Na feira anual de Agosto, designada de S. Bartolomeu, por ter origem na antiga
freguesia de S. Gens, eram negociados todo o tipo de “mercancia” no primeiro
dia; o gado estava reservado para o dia seguinte.
A origem das Feiras Francas
do 16 de Maio, embora com desfasamento de calendário, poderá residir naquelas
feiras setecentistas. Contudo, é apenas uma hipótese, visto não serem
conhecidos, até ao momento, elementos mais recuados no tempo, sobre esta
temática.
Certo parece ser que a feira
anual do 16 de Maio, feriado municipal, com o seu formato lúdico e comercial,
associado a uma forte tradição agro-pecuária, começou a desenvolver-se na
segunda metade do século XIX.
Em 1886, José Augusto
Vieira, autor de “O Minho Pittoresco”, dá a entender que, à época, a feira
anual da Vila era predominantemente destinada à transacção de gado.
Reprodução do jornal "O DESFORÇO", 1918
As corridas de cavalos são,
aparentemente, uma criação dos finais do século XIX que, até 1896 se realizavam
no único dia de feira, o 16 de Maio. Estas corridas eram designadas por
“carreiras”, pouco organizadas e com alguma espontaneidade. O jornal “O
Desforço” de 1894 refere: “ A carreira provocou gargalhadas aos espectadores,
com os atropelamentos da praxe e com os tranbulhões d’alguns cavalleiros.
Alguns feirantes ficaram debaixo de cavalos, resultando-lhes d’ahi leves
ferimentos”.
Por esta altura havia também
muitos desacatos e roubos, pelo que era frequente reforçar a segurança. Mais
uma vez “O Desforço” de 1897 relata: …” nesta feira a ordem foi alterada…
levantando-se pela volta da tarde um grande barulho, provocado, segundo temos
ouvido, por causa da corrida de cavallos. Se não fosse uma força de 30 praças
de Infantaria 8, que o sr. Administrador do concelho requisitou para manter a
ordem, haveria a registar graves acontecimentos”.
Reprodução: Jornal "O DESFORÇO", 1927
Até novecentos as Feiras
Francas de Fafe caracterizavam-se pelos concursos de gado, cavalar e bovino, as
corridas de cavalos, barracas com diversões e produtos diversos, as “estúrdias”
e as Bandas de Música, do “Alípio” e dos “Bombeiros Voluntários”, atraiam
milhares de fafenses e forasteiros ao largo principal da simpática Vila de
antanho, que tem nas Feiras Francas uma das suas mais concorridas festas
populares onde a tradição já não é o que era…
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