23 de agosto de 2020

UMA LENDA DA “JUSTIÇA DE FAFE”


Existem várias versões de lendas relacionadas com a famosa “Justiça de Fafe”. A meu ver, das quatro lendas que chegaram aos nossos dias, esta que aqui transcrevo, da terceira edição da Monografia da Freguesia de Fafe, apresentada em 2008, é a que melhor se adapta à iconografia do monumento à “Justiça de Fafe”, inaugurado em 23 de Agosto de 1981, nas traseiras do Tribunal local.

Contudo, estamos a fazer uma abordagem ao imaginário popular, como tal, todas as lendas merecem a nossa apreciação. Algumas até podem conter uma nesga de realidade.



«Um jovem rapaz filho de gente humilde, no dia das festas de Nossa Senhora da Misericórdia ou Senhora de Antime, enquanto assistia à passagem da procissão, viu a sua “trigueira”, bela e amada namorada ser apalpada no “traseiro” por um abastado fidalgo que visitava Fafe, tradicionalmente, pelas festas da “Vila”. O jovem namorado, embora ficasse muito ofendido, não quis “fazer peito” e pacientemente deixou passar a procissão. No final deste acto religioso, o rapaz dirigiu-se ao fidalgo fazendo-lhe sentir o seu desagrado pelo gesto obsceno feito à sua namorada momentos atrás. O burguês, tirando a sua cartola da cabeça, fá-la passar junto da cara do rapagão que sentindo-se uma vez mais provocado, quis lavar a sua honra, desafiando o ricaço para um duelo. O desafio foi aceite. No momento de escolher as armas, foi pelo próprio povo que assistia à discussão, pedido aos homens desavindos que mantivessem a tradição do jogo do pau. O ofendido aceitou esta escolha popular das armas.

Pelos presentes foram então entregues aos rivais dois valentes “lódãos”.

A escaramuça começou. Ouviam-se, de vez em quando, os gemidos de dor dos homens quando sofriam as fortes pancadas, misturadas com o som do bater dos paus. Os populares que assistiam a esta renhida luta batiam palmas.

Era o delírio, há muito que não se via uma rixa destas.

O pobre rapaz deu tamanha lição de pancadaria no burguês que, fugindo a “sete pés”, abandonou rapidamente a Praça, ouvindo ainda o grito de todos os populares:

“VIVA A JUSTIÇA DE FAFE”!

“COM FAFE NINGUÉM FANFE”!

 

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