Corria o ano de 1900, quando
o benemérito Bernardino Peixoto da Silva, que um dia partiu para Terras de Vera
Cruz e lá fez fortuna, resolveu enviar a quantia de 1.300$000 réis para a
construção do campanário da igreja da sua terra natal.
A obra foi arrematada, não apurámos por quem e
pouco tempo depois o orçamento foi rectificado e Bernardino Silva viu-se
“obrigado” a desembolsar mais 345$000 réis, totalizando 1.645 escudos.
As obras da torre sineira
iniciaram em Agosto de 1900 e decorreram durante dois anos e meio, até à sua
inauguração, nos dias 28 e 29 de Dezembro de 1902.
O filantropo Bernardino não presenciou o acto
inaugural, porém, apesar da avultada quantia dispendida na construção da torre,
ainda patrocinou os festejos do tão almejado melhoramento.
O jornal “O Desforço” de 9
de Janeiro de 1902, descreve o “grande” acontecimento: « (…) E Bernardino
Peixoto da Silva, não obstante a avultada somma que dispendeu na construção da
torre, mandou dinheiro para ruidosos festejos d’inauguração, que, como
dissemos, se realizaram nos dias 28 e 29 de Dezembro.
O tempo fez com que elles
deixassem muito a desejar, porque a chuva era torrencial, principalmente no dia
28.
Neste dia fizeram-se as
vésperas com duas bandas de musica, queimando-se até deshoras da noite muito
fogo d’artificio. Dias antes tinham havido repiques de sinos e salvas de
morteiros, e no referido dia haveria ainda illuminação se o tempo permitisse.
Como não permitiu, será ella acesa na véspera de uma festa que ali se realizará
no dia 20.
Aspecto actual da torre da igreja de Quinchães |
Os phyrotechnicos que
disputaram o prémio de uma libra em ouro, eram do concelho, sendo elle
conferido por um jury a Agostinho de Castro, de Quinchães.
No dia 29, como estivesse
melhor o tempo, fomos até lá, assistindo a parte da festa de egreja, que
revestida de gala, a qual constou de missa cantada a grande instrumental,
exposição do SS. E sermão a que assistiram numerosas pessoas. Isto da parte da
manhã. De tarde, tocaram as duas phylarmonicas, que se fizeram ouvir até à
noite, cortando de vez em quando os ares alguns aeróstatos.»(…)
Aqui fica o breve
apontamento histórico de uma torre sineira a completar os 112 anos de
existência.
Vista actual da igreja de Quinchães |
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