13 de maio de 2014

A CENTENÁRIA TORRE SINEIRA DA IGREJA DE QUINCHÃES



Corria o ano de 1900, quando o benemérito Bernardino Peixoto da Silva, que um dia partiu para Terras de Vera Cruz e lá fez fortuna, resolveu enviar a quantia de 1.300$000 réis para a construção do campanário da igreja da sua terra natal.

A obra foi arrematada, não apurámos por quem e pouco tempo depois o orçamento foi rectificado e Bernardino Silva viu-se “obrigado” a desembolsar mais 345$000 réis, totalizando 1.645 escudos.
As obras da torre sineira iniciaram em Agosto de 1900 e decorreram durante dois anos e meio, até à sua inauguração, nos dias 28 e 29 de Dezembro de 1902.

O filantropo Bernardino não presenciou o acto inaugural, porém, apesar da avultada quantia dispendida na construção da torre, ainda patrocinou os festejos do tão almejado melhoramento.
O jornal “O Desforço” de 9 de Janeiro de 1902, descreve o “grande” acontecimento: « (…) E Bernardino Peixoto da Silva, não obstante a avultada somma que dispendeu na construção da torre, mandou dinheiro para ruidosos festejos d’inauguração, que, como dissemos, se realizaram nos dias 28 e 29 de Dezembro.
O tempo fez com que elles deixassem muito a desejar, porque a chuva era torrencial, principalmente no dia 28.
Neste dia fizeram-se as vésperas com duas bandas de musica, queimando-se até deshoras da noite muito fogo d’artificio. Dias antes tinham havido repiques de sinos e salvas de morteiros, e no referido dia haveria ainda illuminação se o tempo permitisse. Como não permitiu, será ella acesa na véspera de uma festa que ali se realizará no dia 20.


Aspecto actual da torre da igreja de Quinchães


Os phyrotechnicos que disputaram o prémio de uma libra em ouro, eram do concelho, sendo elle conferido por um jury a Agostinho de Castro, de Quinchães.

No dia 29, como estivesse melhor o tempo, fomos até lá, assistindo a parte da festa de egreja, que revestida de gala, a qual constou de missa cantada a grande instrumental, exposição do SS. E sermão a que assistiram numerosas pessoas. Isto da parte da manhã. De tarde, tocaram as duas phylarmonicas, que se fizeram ouvir até à noite, cortando de vez em quando os ares alguns aeróstatos.»(…)

Aqui fica o breve apontamento histórico de uma torre sineira a completar os 112 anos de existência.

Vista actual da igreja de Quinchães




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