Urna funerária pode ter cerca de dois milénios
Na
freguesia de Golães, junto à Igreja Paroquial, existe um sarcófago monolítico
cuja antiguidade é proposta por Mário Barroca, docente na Faculdade de Letras
da Universidade do Porto. O especialista defende a grande probabilidade de este
sarcófago ser romano, (cerca de 2.000 anos). Até ao momento não foi possível
conhecer a sua proveniência, contudo há notícias do aparecimento de vestígios
romanos relacionados com a existência de uma necrópole (cemitério) naquela
freguesia, atestando a inevitável ocupação durante o período romano, em Golães.
O
jornal “A Voz de Fafe”, datado de 19 de Agosto de 1933, publicou um pequeno
artigo intitulado “Arqueologia – Um Apêlo aos Habitantes do Concelho”, que, a
este propósito, refere o seguinte: “Quando da abertura da estrada de Golães,
foram encontrados n’uns terrenos do Sr. Conde de Azvêdo, umas bilhas que faziam
parte d’uma necrópole, que bem podia figurar num muzeu, mas desapareceram.
Lembramos
à Ex.ma Câmara a conveniência de recomendar, aos encarregados das novas estradas
o maior cuidado quando nas escavações apareçam destas preciosidades”.
O
sarcófago de Golães tem 2,51 m. de comprimento, 0,80m. de largura média e
0,50m. de profundidade. Foi fabricado num único bloco de granito de grão fino.
Tem uma configuração ovalada e vestígios para o encaixe de uma tampa,
alegadamente em pedra que, entretanto, desapareceu. Um dos bordos apresenta
forte desgaste por ter servido, posteriormente, para afiar armas e/ou
ferramentas. Na parte exterior apresenta uma “tabula ansata” rectangular,
anepígrafa, que também parece posterior.
Este sarcófago, o mais antigo conhecido no concelho de Fafe até ao momento, foi
identificada por Henrique Regalo, técnico da Unidade de Arqueologia da
Universidade do Minho que em 1981 realizou o primeiro levantamento arqueológico
do concelho de Fafe. Na altura, foi-lhe atribuída uma cronologia mais tardia,
nomeadamente medieval. O jovem arqueólogo fafense João Machado realizou em 2010
um trabalho sobre a temática “Sepulturas Medievais do Concelho de Fafe”,
trazendo à discussão a cronologia do sarcófago de Golães, certamente anterior à
época medieval.
Os
vestígios arqueológicos do período romano na freguesia de Golães dão novas
pistas para o conhecimento da génese da ocupação humana naquela terra, já
conhecida por uma antiguidade recuada à alta Idade Média.
A
arqueologia é uma disciplina que nos permite estudar vestígios ancestrais da
ocupação humana, desvendando as raízes mais profundas de uma determinada
comunidade. No caso concreto de Golães, essa raiz pode agora ser recuada à
época romana.
Actualmente o sarcófago encontra-se no jardim fronteiro à Casa Mortuária de Golães
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