Panorâmica do Monte de Santo Ovídio
O Povoado Castrejo de Santo Ovídio localiza-se
a cerca de um quilómetro do centro da cidade de Fafe, no lugar com a mesma
designação, onde se ergue uma elevação com uma altitude máxima de 332 metros .
O
promontório, de configuração sub cónica, destaca-se no vale do rio Vizela que
corre perto do sopé da vertente oeste deste monte consagrado ao Santo Ovídio
Estátua de guerreiro galaico
O “Castro” de Santo Ovídio, como também é
conhecido, foi dado a conhecer no último quartel do século XIX. Nessa altura,
durante as obras de reedificação da capela e construção da escadaria foram encontrados
vestígios arqueológicos que inequivocamente provavam a existência de um
“habitat” castrejo em Monte “Crasto” ou Monte de Santo Ovídio. Alicerces de
antigas construções, moedas romanas, fragmentos cerâmicos e sobretudo o achado
de uma estátua de guerreiro galaico chamariam a atenção de curiosos e
“caçadores de tesouros”.
Nos inícios do século passado chegaram a ser
efectuadas escavações na plataforma superior do monte à procura de riquezas
imaginadas pelo povo.
Área escavada em 1980 e 1981
Durante muitos anos o sítio arqueológico do
Monte de Santo Ovídio ficaria esquecido e só em 1980 viria a ser alvo de
atenções. A abertura de um estradão na base da vertente leste da elevação,
revelava um conjunto de estruturas arqueológicas que motivaram o embargo da
obra por parte da Autarquia. Neste mesmo ano foi chamada a intervir a Unidade
de Arqueologia da Universidade do Minho que realizou cinco campanhas de escavação,
entre 1980 e 1984, inteiramente financiadas pela Câmara Municipal de Fafe.
Aspecto das escavações em 1984
Numa área total de aproximada aos 600 m2, foi
descoberto e estudado um notável conjunto de ruínas arqueológicas que levariam
à classificação do povoado como Imóvel de Interesse Público, conferindo-lhe
protecção legal directa do órgão da tutela, o Ministério da Cultura.
Embora não se tenham ainda realizado estudos
mais pormenorizados em plataformas mais elevadas, é muito provável que a génese
do povoado tenha ocorrido no decurso da segunda metade do 1º milénio a.C.
Vista parcial das ruínas
O conjunto arquitectónico posto a descoberto na
base da vertente leste do monte de Santo Ovídio, representa uma pequena parte
da real potência arqueológica deste antigo “habitat”.
Ao invés da maioria dos castros do noroeste, no
presente caso não são visíveis vestígios evidentes de muralhas. Este facto
deve-se às boas condições naturais para defesa, bem patentes na morfologia das
vertentes norte e oeste.
Apesar de não serem notórias linhas de muralha,
sabe-se que pelo menos a vertente leste foi defendida por um fosso.
Outra vista das ruínas
As ruínas visíveis correspondem à última fase
de ocupação do Povoado, entre finais do séc. I a.C. e os princípios da nossa
Era.
Uma rua com pavimento lajeado dá acesso a uma
zona habitacional onde coexistem habitações de tradição indígena (planta circular)
e de influência romana (planta rectangular). Podem ainda observar-se pequenas
áreas de exteriores lajeadas, sulcos abertos no areão granítico para drenagem,
muros de suporte delimitadores do bairro e fossas detríticas.
Espólio cerâmico exumado nas escavações
A enorme importância científica e patrimonial
do Povoado Castrejo de Santo Ovídio é inegável representando uma das mais
importantes reservas arqueológicas do concelho de Fafe.
Numa cidade que tanto carece de atractivos
turísticos, pensamos que todo o monte de Santo Ovídio deveria ser melhor
aproveitado, criando-se ali um Parque Arqueológico com centro interpretativo
valorizando-se assim uma potência turística latente, aqui tão perto…
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