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Foto montagem |
Cerca de um ano depois o Rei D. Carlos I voltou a visitar Fafe. Se em 1906 passou por cá a caminho de Pedras Salgadas, no ano seguinte fê-lo no regresso da mesma viagem.
Recuamos ao dia 13 de Agosto de 1907. O centro da vila, já servida pelo comboio, foi embandeirada e quatro bandas de música tocaram entre o “estralejar da dynamite”. (foguetes).
As autoridades locais voltaram a receber o monarca na casa de Florêncio Monteiro… afinal um “déjà vu” do ano anterior. Mas desta vez o entusiasmo do Povo não foi tão efusivo. Na verdade, mesmo os mais conservadores acharam que era um desperdício gastar “um conto de réis” para receber um soberano que afinal só deu a Fafe “uma carta de concelho! Nada mais.”
…”Não é justo, nem agradável, nem legitimo gastar dinheiro por esta forma ao pobre contribuinte… que muitas vezes não tem 20 réis para comprar dez sardinhas”.
O jornal “O Povo de Fafe” acusa também a falta de apoios governamentais e afirma que a vila “marcha na vanguarda do progresso” mas à custa das forças locais e da filantropia dos particulares, sobretudo dos “brasileiros” de torna viagem.
…”Tudo quanto temos, tudo quanto nos honra é de iniciativa particular. Hospital, Azilos, Jardim Público e Caminho de Ferro a quem se devem? Questiona o semanário, rematando a peça escrevendo: “Talvez por isso, talvez só por isso é que a recepção ao monarca, na terça-feira, não foi reconhecidamente bem querida”.
Desta vez “ El Rei” não levou sequer outro par de botas, antes deve ter “enfiado o barrete” do descontentamento popular, cansado de andar descalço e de barriga vazia.
Fonte: “O Povo de Fafe” 15 de Agosto de 1907
1 comentário:
De facto nunca havia pensado nisso. Os grandes investimentos em Fafe na passagem do séc. XIX para o XX ficou a dever-se a particulares que empreenderam, pelo amor que tinham pela terra, investimentos avultados e que ainda hoje usufruímos. Nessa altura também seria republicano. Pena tenho no que se seguiu.
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