24 de outubro de 2010

ALMINHAS PATRIMÓNIO A PROTEGER


 As Alminhas são pequenos monumentos religiosos e são um dos vestígios mais importantes da arte popular portuguesa.

Não se tem qualquer certeza acerca da sua origem, mas sabe-se que a crença em deuses protectores dos caminhos e das encruzilhadas é muito antiga. Os concílios de Leão ( II ), Florença e de Trento vieram reforçar o dogma da existência do Purgatório, mas foi, principalmente, a partir do concílio de Trento, em 1563 que este dogma foi fortemente fortalecido e difundido, assim como o foi o costume da “ encomendação das almas “.

O culto das almas e o fascínio que os caminhos e encruzilhadas sempre provocaram nas pessoas, contribuíram para que as Alminhas ocupassem o lugar dos anteriores altares romanos, mas isto não explica que as Alminhas tenham origem nos referidos altares.

As Alminhas são uma das expressões mais originais da arte popular portuguesa e expressam a religiosidade do nosso povo.

O povo chamou oratório, ao painel ou retábulo com a representação do Purgatório, normalmente através de pintura, Alminhas. Estas representavam as almas que ardiam no fogo do Purgatório.

Situadas à beira dos caminhos, nas bermas das estradas, nas encruzilhadas, na frontaria das casas ou dos pátios, encontram-se por todo o país, embora em maior número no Norte e Centro.

As almas que ardem no fogo do Purgatório, simbolizado por uma fogueira, rezam para assim pedirem o auxílio dos santos como S. José, S. António entre outros, do anjo S. Miguel Arcanjo, de Jesus Cristo crucificado, da Virgem Maria e do Espírito Santo e pedem também às pessoas que por lá passam que rezem por elas, para poderem ir para o Céu.

Em Portugal, as primeiras representações artísticas do Purgatório só aparecem a partir do século XVI. Durante o séc. XVII, os quadros do Purgatório espalham-se mais ou menos por todo o país. No entanto, é difícil encontrar, nos nossos dias, painéis seiscentistas. No séc. XVIII as pinturas ao ar livre das cenas do Purgatório espalharam-se, em grande número, por muitos caminhos e povoações. Nos séc. XIX e XX as pinturas do Purgatório mantiveram-se. No nosso séc. quase todos os retábulos foram substituídos por painéis de azulejos.

Fernando Roque


A Associação ATRIUM está a desenvolver trabalhos no terreno, com o fito de recolher elementos tendentes à futura constituição da Carta do Património de Fafe. As alminhas e os oratórios, fazem parte do nosso Património popular e religioso, pelo que serão também alvo de inventário. Muitos dos exemplares existentes no concelho foram votados ao abandono e carecem de um rápido registo e eventual restauro.
As imagens aqui apresentadas são uma pequena mostra das alminhas do Município de Fafe.
Créditos fotográficos Associação  ATRIUM

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