Uma das mais importantes
figuras da História Contemporânea de Fafe que dá o nome a uma das principais
Praças da cidade, cumpre hoje, 1 de Abril o 118º aniversário da sua morte.
«José Florêncio Soares,
natural de Fafe, nasceu em 4 de Março de 1824 e faleceu em 1 de Abril de 1900.
Casou no Brasil com D. Maria Teresa da Costa, natural do Rio de Janeiro, filha
de Domingos José da Costa, natural de Oliveira de Azeméis, e D. Senhorinha
Jesuína da Silva, natural de Minas Gerais, estado de Minas Cerais, Brasil.
José Florêncio emigrou, em
20/10/1837, para o Brasil com 13 anos de idade.
Foi um dos emigrantes mais
bem-sucedidos no Brasil, revelando a sua obra perspicácia, espírito cívico e
filantrópico invulgar. Antes dos 40 anos constrói esta majestosa casa (1861),
participa activamente na fundação da Fábrica do Bugio, da qual veio a ser o
único proprietário.
Aparece a liderar o grupo de
«brasileiros» promotores da construção do Hospital da Misericórdia de Fafe,
cópia de outra casa de caridade do Rio de Janeiro, a pedido de seu pai, médico,
angariando donativos para a sua construção junto da comunidade de «brasileiros»
de Fafe. A iniciativa teve êxito bastante para que rapidamente se desse início
à construção da benemérita obra, expoente da filantropia dos «torna-viagem» de
Fafe. Em 21/3/1863 fez-se a abertura da primeira enfermaria com nove camas e,
desse facto, o jornal O Comércio do Porto, dizia em 21/3/1863.
“Abre-se quinta-feira em Fafe
a parte do Hospital que se acha feita
e com capacidade para receber
nove doentes. Este estabelecimento de caridade deve-se aos esforços de alguns
cavalheiros de Fafe e muito particularmente ao Sr. José Florêncio, que tem sido
incansável em promover os meios para levar a efeito um tão útil como
humanitário estabelecimento.
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Casa mandada construir por José Florêncio Soares (1861) |
[…] Na quinta-feira à
noite dá o Sr. Florêncio, distinto Cavalheiro de Fafe, um esplêndido baile.
Fazem-se grandes preparativos para esta função, que promete ser sumptuosa. A
Casa do Sr. Florêncio é das mais lindas de Fafe e o salão de baile é
magnífico».
Como presidente da câmara
liderou as principais obras dos finais do século XIX, das quais se destaca
ainda o Jardim Público. Do entusiasmo com que se dedicou à causa ficaram belos
registos na imprensa local, tendo sido tão polémica a sua relação com as forças
vivas do concelho, que decidiu mandar esculpir em gesso e de tamanho natural
três dos seus opositores, colocando-os na casa de banho da sua casa com os
seguintes dizeres: «EMBARGARAM OS MUROS, EMBARGARAM OS PÓRTICOS, EMBARGARAM A
CASA, EMBARGARAM TUDO»
Sabemos que um destes seus
opositores foi Mons. João Monteiro Vieira de Castro e que o facto gerou tal
curiosidade na vila que muitas foram as visitas às esculturas. De facto, este
aposento terá sido o mais visitado, chegando tal curiosidade até ao século XX.
Distinguiu-se como o principal
benfeitor da construção da Igreja Nova de São José, interrompida após a sua
morte por muitos anos.
Do seu perfil e carácter ficou
testemunho no epitáfio, que mandou gravar: «AQUI JAZ JOSÉ FLORÊNCIO SOARES QUE
SEMPRE AMOU A TRABALHO».
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