1 de abril de 2018

ANIVERSÁRIO PÓSTUMO DE JOSÉ FLORÊNCIO SOARES



Uma das mais importantes figuras da História Contemporânea de Fafe que dá o nome a uma das principais Praças da cidade, cumpre hoje, 1 de Abril o 118º aniversário da sua morte.

«José Florêncio Soares, natural de Fafe, nasceu em 4 de Março de 1824 e faleceu em 1 de Abril de 1900. Casou no Brasil com D. Maria Teresa da Costa, natural do Rio de Janeiro, filha de Domingos José da Costa, natural de Oliveira de Azeméis, e D. Senhorinha Jesuína da Silva, natural de Minas Gerais, estado de Minas Cerais, Brasil.
José Florêncio emigrou, em 20/10/1837, para o Brasil com 13 anos de idade.
Foi um dos emigrantes mais bem-sucedidos no Brasil, revelando a sua obra perspicácia, espírito cívico e filantrópico invulgar. Antes dos 40 anos constrói esta majestosa casa (1861), participa activamente na fundação da Fábrica do Bugio, da qual veio a ser o único proprietário.

Aparece a liderar o grupo de «brasileiros» promotores da construção do Hospital da Misericórdia de Fafe, cópia de outra casa de caridade do Rio de Janeiro, a pedido de seu pai, médico, angariando donativos para a sua construção junto da comunidade de «brasileiros» de Fafe. A iniciativa teve êxito bastante para que rapidamente se desse início à construção da benemérita obra, expoente da filantropia dos «torna-viagem» de Fafe. Em 21/3/1863 fez-se a abertura da primeira enfermaria com nove camas e, desse facto, o jornal O Comércio do Porto, dizia em 21/3/1863.

“Abre-se quinta-feira em Fafe a parte do Hospital que se acha feita
e com capacidade para receber nove doentes. Este estabelecimento de caridade deve-se aos esforços de alguns cavalheiros de Fafe e muito particularmente ao Sr. José Florêncio, que tem sido incansável em promover os meios para levar a efeito um tão útil como humanitário estabelecimento.


Casa mandada construir por José Florêncio Soares (1861)


[…] Na quinta-feira à noite dá o Sr. Florêncio, distinto Cavalheiro de Fafe, um esplêndido baile. Fazem-se grandes preparativos para esta função, que promete ser sumptuosa. A Casa do Sr. Florêncio é das mais lindas de Fafe e o salão de baile é magnífico».

Como presidente da câmara liderou as principais obras dos finais do século XIX, das quais se destaca ainda o Jardim Público. Do entusiasmo com que se dedicou à causa ficaram belos registos na imprensa local, tendo sido tão polémica a sua relação com as forças vivas do concelho, que decidiu mandar esculpir em gesso e de tamanho natural três dos seus opositores, colocando-os na casa de banho da sua casa com os seguintes dizeres: «EMBARGARAM OS MUROS, EMBARGARAM OS PÓRTICOS, EMBARGARAM A CASA, EMBARGARAM TUDO»

Sabemos que um destes seus opositores foi Mons. João Monteiro Vieira de Castro e que o facto gerou tal curiosidade na vila que muitas foram as visitas às esculturas. De facto, este aposento terá sido o mais visitado, chegando tal curiosidade até ao século XX.
Distinguiu-se como o principal benfeitor da construção da Igreja Nova de São José, interrompida após a sua morte por muitos anos.
Do seu perfil e carácter ficou testemunho no epitáfio, que mandou gravar: «AQUI JAZ JOSÉ FLORÊNCIO SOARES QUE SEMPRE AMOU A TRABALHO».


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