Depois das garantias dadas, em 2016, pelo Ministro do
Trabalho, Solidariedade, e Segurança Social, que dava como certa a
requalificação do Palacete do Centro de Emprego de Fafe, eis que surge a
notícia que, afinal, o referido Ministério não vai fazer obras no imóvel,
propondo a sua venda à Câmara Municipal de Fafe.
Notícia avançada pelo
“Notícias de Fafe” refere que responsáveis do Instituto de Emprego e Formação
Profissional (IEFP), após uma visita de avaliação do palacete, sondou a
disponibilidade da Câmara Municipal para aquisição do edifício pelo valor de
805 mil euros.
Lembre-se que a casa histórica em questão, datada de 1912,
exemplo único da Arte Nova da região, foi classificada como Imóvel de Interesse
Municipal em 1983, para, logo a seguir, em 1986 a Câmara “alienar” o Imóvel
vendendo-o ao Ministério do Trabalho, para instalação do Centro de Emprego de
Fafe, que acabou por ocupar as antiga cavalariça nas traseiras do edifício,
deixando a casa nobre, sem qualquer utilização, durante cerca de três décadas,
até aos nossos dias.
Quando parecia haver luz ao fundo do túnel, e, os mais
crentes, pensaram que era desta que aquela pérola do património fafense ia ser
restaurada, tudo se complica agora, com esta nova posição do IEFP.
O presidente do Município de Fafe disse ao “Notícias de Fafe”
não estar interessado na aquisição do imóvel pelo valor proposto, considerando:
“é bonito, temos por ele carinho e estima, mas não é muito funcional, é difícil
encontrar um destino, está de gradado e até poderá pôr em causa a segurança das
pessoas que por ali passam”.
Raul Cunha disse ainda ao mesmo periódico que “se a Câmara
não o adquirir, será colocado em hasta pública”.
Por seu lado, Antero Barbosa, líder da oposição Fafe Sempre, aconselha o diálogo e a renegociação referindo que “a autarquia também tem
interesse em instalar bem o Centro de Emprego, num local melhor”, evocando uma
permuta “justa”.
O vereador do Fafe Sempre, Victor Moreira, de forma mais
incisiva disse ao “Notícias de Fafe” que “Por mim não pagava nada. Eles ainda
tinham de nos pagar para recuperar o edifício porque a obrigação deles era ter
aquilo conservado”, lembrando que a verba em causa dava para resolver outras situações,
nomeadamente, a aquisição da casa em frente ao Teatro-Cinema, a requalificação
do antigo Mercado Municipal e ainda as necessárias obras de recuperação no
edifício da Casa de Cultura local.
José Batista, do PSD considera que, “É uma oportunidade de
ouro para fazermos um pacote mais integrador”. Defendendo a compra do imóvel
degradado em frente ao Teatro-Cinema e do Palacete do Centro de Emprego, para
instalar a Loja do Cidadão e centralizar os serviços da Segurança Social.
Prevê-se o relançamento da discussão relativa aos vários
imóveis históricos degradados da cidade, um assunto sensível, dispendioso, que
requer astúcia e engenho do executivo autárquico.
Certo é que não podemos continuar a tapar o Sol com a
peneira. É a altura certa para encarar, de forma séria, a questão, suspensa há
vários anos, da preservação e requalificação do Património Histórico na “terra
mais brasileira de Portugal”.
O Governo, primeiro responsável pela conservação da nossa
memória cultural, relativamente ao imóvel do Centro de Emprego, teve uma
atitude censurável, comprou, desleixou, iludiu e descartou.
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