«Quando se visita o Minho,
num itinerário de formosura sem par, em permanente festa de alma, do coração,
dos olhos, empolgados por tanta e tão pródiga beleza, é forçoso deter-se mais
demoradamente em Fafe, a ridente vila minhota, verdadeiro mimo, numa região de
encanto.
Alegre, grácil, airosa nos
seus contornos que uma paisagem idílica envolve, amorosamente abraça, Fafe,
altaneiramente instalada num formosíssimo planalto, de onde a vista abarca toda
uma paisagem de maravilha – é terra privilegiada, cuja beleza não se pode
avaliar devidamente, tal como a de certas mulheres num simples e breve relance.
E, após exame demorado e pormenorizado, que há sempre vontade de prolongar
indefinidamente, não pode deixar de pensar-se no lamentável atraso em que se
mantém o nosso turismo, que não permite explorar devidamente a beleza
incomparável da região, em seu proveito e para regalo daqueles que ainda não a
conhecem, pela escassa propaganda feita à sua volta e que bem deveria ser mais
intensa e mais eficiente.
Na realidade, muitos
aspectos podem conferir a Fafe categoria de verdadeiro centro turístico, quando
o turismo deixar de ser uma palavra de mal definido sentido…
Citem-se, a propósito, os
velhos templos de S. Gens e de Santa Eulália; o Jardim do Calvário, o mais
formoso de entre outros igualmente atraentes; a Cumieira, o Socorro, a Pica, o
Hospital, os Paços do Concelho; a Igreja Nova de S. José; o Asilo; o Teatro,
por onde passaram alguns artistas de maior nomeada; o monumento aos Mortos da
Grande Guerra, no coração da vila, obra de grande valor escultórico; as pontes
do Rabha, de S. José e de Bouças – todas uma série de belas curiosidades que
esmaltam Fafe de vivas atracções, encanto do forasteiro. Viveu Fafe momentos de
extraordinária euforia durante a última guerra, pois lá se desenvolveram do
então internacionalmente muito cobiçado volfrâmio. Firmaram-se riquezas e uma lufada
de progresso percorreu a região, apareceram belos prédios, ricas casas
agrícolas e os fafenses passaram a usufruir um nível de vida até ali
desconhecido. Abriram alguns estabelecimentos e, de modo geral, todas as
actividades experimentaram impulso.
Hospitaleira, amorável, de
costumes caracteristicamente minhotos, que cativam e encantam, a gente de Fafe
vive grandes e felizes momentos durante as festas e romarias, de vincado sabor
popular, que anualmente se realizam e as mais formosas das quais são, as que se
efectuam em Julho, com os seus alegres e coloridos arraiais, em que o povo,
folgazão, desprendido de cuidados, canta, dança, ri e diverte-se. Por essa
altura, da vizinha Braga – que de Fafe dista apenas 32 quilómetros – de outras
terras próximas e distantes, afluem gentes ruidosas e entusiásticas, que
imprimem, durante dias, à linda vila minhota, desusada animação. E não deve
esquecer-se, para apresentar uma «fisionomia» tanto quanto possível exacta de
Fafe, que ela, comercial e industrialmente, centro de importante valor, cujos
progressos nunca deixam de acentuar-se. Alguns desejos da população quanto a
vários melhoramentos continuam em suspenso, mas é de esperar que venham a ser
satisfeitos como a encantadora vila minhota bem merece.»
Texto não assinado.
In: “Almanaque Ilustrado de
Fafe”, 1962
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