13 de maio de 2014

"FAFE MERECE VIR A SER UM GRANDE CENTRO TURÍSTICO"






«Quando se visita o Minho, num itinerário de formosura sem par, em permanente festa de alma, do coração, dos olhos, empolgados por tanta e tão pródiga beleza, é forçoso deter-se mais demoradamente em Fafe, a ridente vila minhota, verdadeiro mimo, numa região de encanto.

Alegre, grácil, airosa nos seus contornos que uma paisagem idílica envolve, amorosamente abraça, Fafe, altaneiramente instalada num formosíssimo planalto, de onde a vista abarca toda uma paisagem de maravilha – é terra privilegiada, cuja beleza não se pode avaliar devidamente, tal como a de certas mulheres num simples e breve relance. E, após exame demorado e pormenorizado, que há sempre vontade de prolongar indefinidamente, não pode deixar de pensar-se no lamentável atraso em que se mantém o nosso turismo, que não permite explorar devidamente a beleza incomparável da região, em seu proveito e para regalo daqueles que ainda não a conhecem, pela escassa propaganda feita à sua volta e que bem deveria ser mais intensa e mais eficiente.
Na realidade, muitos aspectos podem conferir a Fafe categoria de verdadeiro centro turístico, quando o turismo deixar de ser uma palavra de mal definido sentido…

Citem-se, a propósito, os velhos templos de S. Gens e de Santa Eulália; o Jardim do Calvário, o mais formoso de entre outros igualmente atraentes; a Cumieira, o Socorro, a Pica, o Hospital, os Paços do Concelho; a Igreja Nova de S. José; o Asilo; o Teatro, por onde passaram alguns artistas de maior nomeada; o monumento aos Mortos da Grande Guerra, no coração da vila, obra de grande valor escultórico; as pontes do Rabha, de S. José e de Bouças – todas uma série de belas curiosidades que esmaltam Fafe de vivas atracções, encanto do forasteiro. Viveu Fafe momentos de extraordinária euforia durante a última guerra, pois lá se desenvolveram do então internacionalmente muito cobiçado volfrâmio. Firmaram-se riquezas e uma lufada de progresso percorreu a região, apareceram belos prédios, ricas casas agrícolas e os fafenses passaram a usufruir um nível de vida até ali desconhecido. Abriram alguns estabelecimentos e, de modo geral, todas as actividades experimentaram impulso.

Hospitaleira, amorável, de costumes caracteristicamente minhotos, que cativam e encantam, a gente de Fafe vive grandes e felizes momentos durante as festas e romarias, de vincado sabor popular, que anualmente se realizam e as mais formosas das quais são, as que se efectuam em Julho, com os seus alegres e coloridos arraiais, em que o povo, folgazão, desprendido de cuidados, canta, dança, ri e diverte-se. Por essa altura, da vizinha Braga – que de Fafe dista apenas 32 quilómetros – de outras terras próximas e distantes, afluem gentes ruidosas e entusiásticas, que imprimem, durante dias, à linda vila minhota, desusada animação. E não deve esquecer-se, para apresentar uma «fisionomia» tanto quanto possível exacta de Fafe, que ela, comercial e industrialmente, centro de importante valor, cujos progressos nunca deixam de acentuar-se. Alguns desejos da população quanto a vários melhoramentos continuam em suspenso, mas é de esperar que venham a ser satisfeitos como a encantadora vila minhota bem merece.»

Texto não assinado.
In: “Almanaque Ilustrado de Fafe”, 1962 

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