Imagem da peça "Com Fafe Ninguém Fanfe" Jornadas Literárias de Fafe 2013
Fico profundamente revoltada com os críticos armados em
intelectuais.
Como lâminas bem
afiadas apuram língua e mãozinhas analisando profundamente as contribuições
culturais dos demais.
Esta espécie humana
observa com grande astúcia os trabalhos dos outros, com o único intuito de
encontrarem alguma aresta menos polida, para depois poderem encher a boca para
a censura do esforço alheio.
Redigem textos
elaborados, com um manejar de palavras mais ou menos rebuscadas para encetarem
a sua tão importante opinião. Geralmente nunca gostam do que observam, os espectáculos
ficam sempre a anos luz das suas tão elevadas ambições.
Como cobras venenosas
estão sempre prontas a lançar o seu veneno.
De braços bem cruzados
e corpinho descansado, acomodam-se nas suas acolhedoras casas, ou no diálogo
erudito num qualquer café de beira de rua, em horas de trabalho profundo em
torno da arte das conversas do dia-a-dia.
Os criticados, por sua
vez, esfolam a alma e o corpo na procura de algo para dar aos outros, em muitos
casos de forma totalmente gratuita, deixam de comer, de dormir, de ter feriados
ou fins-de-semana, em horas e horas de trabalho pós laboral, fazem-no por um
profundo amor e até generosidade. Não exigem nada, não procuram o êxito, ou
aclamação pública, mas sim a cultura, a melhoria do seu interior e a dos Grupos
a que pertencem, fortalecendo a vida dos demais.
Por tradição os
críticos armados em intelectuais vivem com o olho posto na vida dos outros,
quais coscuvilheiras de beira de esquina. Regra geral não acompanham, não
contribuem, nada fazem para que as coisas melhorem, sejam diferentes, não
arregaçam as mangas para o trabalho, não dão nada mas também nada recebem, pois
no ato de cair e levantar, no procurar, no desbravar também se encontra uma
sabedora e uma felicidade imensa - impagável.
Os críticos iluminados
enchem a boca para falar mal de tudo, não no sentido da crítica construtiva,
porque essas sim são bem-vindas, fazem parte de um crescimento conjunto e
contribuem para a crescente melhoria. Pelo contrário, falam por falar, sem
conhecimento de causa, sem participação, e sem vergonha na cara.
Espanta-me que se
teçam comentários condenando as tradições de um povo, julgando-as e
avaliando-as como “modelo perfeito de provincianismo”.
Caso os mais críticos
eruditos ainda não tenham percebido, a cópia dos actos artísticos alheios não é
a solução, nem económica, nem artística, muito menos cultural. Devíamos todos
procurar nas nossas raízes, as tradições, os costumes, a alma comum, a nossa
história, orgulhemo-nos dela, usando-a como bandeira de crescimento em termos
turísticos nacionais e internacionais, porque o caminho dos nosso querido país
à beira mar plantado é mesmo esse e não outro.
É uma vergonha sentir
vergonha das nossas gentes, do nosso povo, daquilo que nos faz ser diferentes
de todas as outras terras.
Eu também tenho uma
grande vergonha por todos aqueles que se escondem, envergonhados, cobardes,
verdadeiros incultos que ainda não compreenderam que a grande aprendizagem acontece
pela observação, participação e entrega às tradições genuínas, isso sim “é uma
cultura comprometida” e não na cópia de frases feitas pelos outros.
Afinal aquilo que somos deve ser genuíno, autentico, único,
real sem cópias e imitações foleiras, digo eu….
ANABELA TEIXEIRA (Teatro Vitrine)
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