7 de maio de 2013

IV JORNADAS LITERÁRIAS A FESTA DA CULTURA FAFENSE





A quarta edição das Jornadas Literárias de Fafe (JL) decorreu de 19 a 28 de Abril. Com o lema “Viajar e Sentir” as JL decorreram a um ritmo alucinante com dezenas de eventos e iniciativas que envolveram uma grande fatia da população do concelho. Foram muitos os que se associaram a esta que é considerada a “Festa da Cultura Fafense”. O êxito alcançado em anos anteriores esteve na origem do reforço de meios e legitima ambição da Comissão Organizadora do evento, liderada por Carlos Afonso, mentor das JL. Em pouco tempo as JL atingiram enorme popularidade e um invulgar envolvimento da população que massivamente participou e assistiu aos eventos. As JL são um fenómeno cultural incontornável na região e os seus promotores engrandecem-nas de ano para ano. Quando se pensava que a fasquia estava muito elevada eis que surgiram as 4ªs Jornadas Literárias com maior pujança, ultrapassando todas as expectativas.



 Foram dez dias de intensa actividade cultural que teve o seu arranque no dia 19 com o “Espaço da Bandeira”, onde centenas de crianças testemunharam a abertura oficial das 4ªs JL. Nesse mesmo dia o Pavilhão Multiusos esteve a rebentar pelas costuras com o espectáculo “Mala de Cartão”. No dia 20 foi encetado o Curso de formação intitulado “Viagens na Nossa Terra” que terminará em Maio e conta com a participação de 150 professores. Pela tarde a Escola de Bailado de Fafe deu cor e movimento ao centro cívico da cidade com o evento “Viagens na Cidade” que terminou com a actuação do Coral Santo Condestável do Grupo Nun’ Álvares. 







Pela noite o Teatro-Cinema lotado assistiu ao espectáculo “Nos Sons da Terra e do Mar” uma viagem pelas sonoridades dos cinco continentes protagonizada pela Academia de Música José Atalaya e corpo de dança do Grupo Leões do Ferro. No dia 22 foram várias as Escolas que relembraram a descoberta do Brasil com actividades diversas; a companhia britânica de teatro “Avalon Theatre Company” veio até Fafe para brindar a comunidade escolar com a comédia “Roundheads and Cavaliers”; pela noite, a sala Manoel de Oliveira foi pequena para acolher a família e amigos de Joaquim Barbosa que lançou o seu primeiro livro de poesia “Rimando por Cá”. No 23 de Abril, dia Mundial do Livro, foram muitas as iniciativas comemorativas em Escolas, bibliotecas e livrarias da cidade; Maria Isabel Pinto Bastos lançou a sua obra “Originalidade, Tensão Dramática em José Régio (do texto à narrativa) na Biblioteca Municipal. O dia 24 foi dedicado ao patrono das 4ªs JL, Ubaldo Ribeiro, descendente de emigrantes fafenses no Brasil é reconhecido por muitos como uma das maiores referências vivas da Literatura Portuguesa; “Diz-lhes Que Não Falarei Nem Que Me Matem” nome da peça teatral que teve lugar no Teatro-Cinema, um monólogo pelo actor Mário Santos, baseada na cruel experiência de prisão em Peniche do comunista Carlos Costa, descendente de fafenses que assistiu ao espectáculo e, no final mereceu o carinho do público presente. No dia 25 de Abril foi promovido o evento “Sentir a Liberdade”, uma marcha organizada pelos Restauradores da Granja que envolveu as freguesias de S. Gens, Quinchães e Antime, uma caminhada com recriações históricas, música e outras actividades.









Cumprido o primeiro ciclo das JL “Viajar e Sentir” foi altura de entrar na “Fafe dos Brasileiros”, recta final do evento que decorreu de 26 a 28 de Abril. Foi um fim-de-semana que teve como palco principal o centro da cidade transformado em feira tradicional com dezenas de barracas, a lembrar tempos idos, onde freguesias, organizações e colectividades mostraram e comercializaram os seus produtos, uma espécie de feira franca que também teve as suas tasquinhas para saborear o néctar precioso e as iguarias caseiras. Foi a “Festa Fafense”. Na sexta-feira 26, para além da abertura ao público de várias exposições e mostras, assistimos à recriação histórica “Achamento do Brasil” por alunos da Escola Profisional de Fafe, com uma grande caravela quinhentista a servir de fundo no lago da “Arcada”; no Club Fafense foram lembrados outros tempos com um baile de época com muitos participantes vestidos ao rigor dos princípios do século XX. O sábado 27 despertou ao som das campainhas das bicicletas antigas pelos “Restauradores da Granja” em passeio pela cidade; Durante a tarde centenas de escuteiros protagonizaram o “Parque temático de Jogos Tradicionais” que decorreu na Rua António Saldanha e Jardim do Calvário; à noite, mesmo com um frio de rachar, centenas de pessoas assistiram ao espectáculo pelo Teatro Vitrine “Com Fafe Ninguém Fanfe”, dezenas de actores e figurantes lembraram episódios marcantes de uma vila fortemente influenciada por brasileiros de torna viagem.
Chegávamos ao último dia da “Festa da Cultura Fafense” o tão esperado domingo onde todos os caminhos conduziram ao centro da cidade com a afluência de milhares de pessoas. O início da tarde foi assinalado com a recriação do acto inaugural dos Paços do Concelho em 1913. Dezenas de figurantes, a nobreza da Vila republicana liderada pelo Presidente da Câmara, José Summavielle Soares que cortou a fita vermelha que abraçava o edifício e discursou do varandim para uma população entusiasmada com anunciado progresso. D. Fafes, figura lendária representada pelo actual Presidente do Município, José Ribeiro, proferiu as últimas palavras desta singela mas marcante recriação histórica, o primeiro centenário dos Paços do Concelho.





Desfile Etnográfico



O culminar da uma grande festa cultural

Centro da cidade encheu para ver o maior cortejo de sempre
A tarde do passado domingo, 28 de Abril, será lembrada por vários milhares de espectadores que assistiram ao Desfile Etnográfico que culminou as IV Jornadas Literárias de Fafe. O Cortejo teve a participação de 24 freguesias do concelho de Fafe com um número de figurantes próximo dos 1.300 na sua maioria, membros de colectividades e outras organizações.





Sob um céu azul salpicado de nuvens e temperatura pouco amena o desfile saiu do Largo 1º de Dezembro e percorreu a Avenida 5 de Outubro, a Praça 25 de Abril seguindo pela Avenida das Forças Armadas até à Escola Secundária.
A Associação Recreativa e Cultural ARCO de Santo Ovídio abriu o desfile com o seu grupo de tamborileiros e gigantones ao ritmo da concertina e dos cavaquinhos, logo atrás, um elegante grupo de figurantes trajados à época (princípios do século XX), organizado pela AAPAEIF; o amolador e vendedor ambulante do Grupo Nun´Álvares anteciparam a marcha das freguesias: a primeira foi Aboim com três carros alegóricos: o moinho de vento, o Centro Interpretativo e uma cozinha de antanho com Carlos Afonso e representantes da Junta de Freguesia à mesa; 





Serafão lembrou as perseguições a monárquicos e, em dois carros transmitiu uma mensagem ecológica relacionada com o seu Rio; Várzea Cova trouxe a “Casqueada”, um carro com carvalhos onde vários homens retiraram a casca para ser moída no engenho; S. Miguel do Monte com o circuito da lã, um carro onde se tosquiou a ovelha; Arnozela recriou a lenda do Penedo da Penouta onde, há muito tempo foi achado um tesouro arqueológico, em outro carro vinha o pastor, o fiel amigo e o rebanho; Ardegão representou cenas do ciclo do vinho com três carros: a poda, as vindimas e o lagar. O Grupo Recreativo apresentou o “can can” por um vistoso grupo de meninas; Queimadela com os seus cavaleiros, quadros rurais e do quotidiano de outrora; Ragadas participou com um carro de lavadeiras de língua afiada e uma serração artesanal, a fechar, um grupo folclórico; Moreira de Rei mostrou que tem orgulho na figura de João Crisóstomo, fundador dos Bombeiros voluntários de Fafe; Tavassós lembrou a tradição da palha com um carro alegórico; Paços trouxe um carro mostrando o fabrico pirotécnico e dos chapéus de palha, atrás o Rancho Folclórico local; S. Martinho de Silvares veio até à cidade com a antiga Fábrica do Bugio em gigantesco carro, recriando cenas da vida operária. 




O Rancho Folclórico de Silvares também desfilou. Seguiu-se um grupo de Jogo do Pau à frente do carro de S. Romão de Arões com cenas da ruralidade perdida. O Grupo Folclórico da Casa do Povo rematou esta prestação; Santa Cristina de Arões representou-se com uma antiga charrete e dois cavaleiros; Armil com o carro do Penedo do Ermitão e da Capela de S. Salvador recriando as suas festividades; Revelhe apareceu com o carro da “Casa das Tachas”, uma antiga forja e os tamancos tachados; Ribeiros reviveu a lenda da “Bicha das Sete Cabeças” com um engenhoso carro. No fim o Orfeão de Ribeiros; S. Gens lembrou a romaria de Santo Amaro e a antiga Estalagem da Pica em dois elaborados carros; S. Clemente de Silvares participou com um grupo de damas e cavalheiros vestidos à época (1913); Estorãos e o ciclo do azeite desde a colheita ao engenho do picoto em garboso carro seguido por grupo folclórico; Medelo revelou um carro com um moinho de casca e outro representando uma tasca tradicional. O “tocar das latas no casamento das viúvas foi mais um quadro típico desta freguesia;



 Fornelos e os seus doces tradicionais com dois carros carregando pequenos doceiros; Antime reviveu o tempo dos operários da Fábrica do Ferro, o Bairro Operário de S. José e a Escola Manuel Cardoso Martins; por último a freguesia de Fafe com o Grupo “Leões do Ferro” a conduzir um carro da antiga peixaria da Feira-velha e as bicicletas antigas dos “Restauradores da Granja”. O desfile chegava ao seu termo sem antes passar um elegante automóvel antigo e o Rancho Folclórico de Fafe clamando “vamos para o Brasil”. Um extenso e muito participado cortejo etnográfico onde as gentes de Fafe mostraram as suas tradições, o seu património e a memória colectiva de um povo repleto de História que tem forte apego à sua Terra.




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