D. Joaquim Gonçalves, natural da freguesia de Revelhe, Bispo Diocesano de Vila Real durante 24 anos, afirma que a designação da única barragem do concelho é uma confusão geográfica, histórica e administrativa, defendendo que aquela estrutura aquífera está localizada em território da freguesia de Revelhe, considerando um “abuso” a denominação “Barragem de Queimadela”.
O último número da revista cultural “Dom Fafes” (17-18), editada pelo Município de Fafe, publicada recentemente, inclui um trabalho da autoria de D. Joaquim Gonçalves e Padre Doutor António Franquelim Neiva Soares, intitulado «Párocos de Revelhe e Padres naturais da Paróquia». No capítulo 3, dedicado às paróquias de Cortegaça e de Revelhe até à sua e fusão, Joaquim Gonçalves, mencionando os lugares da actual Revelhe, introduziu uma nota de rodapé onde refere que, “haverem dado o nome de «Queimadela» à barragem construída no termo das terras do lugar de Miguel, constitui uma grande anomalia”.
O autor, profundo conhecedor do seu torrão natal, justifica: “ainda que a água da barragem haja alagado terras de Revelhe, de Queimadela e de Travassós, como acontece frequentemente nos vales dos rios, o açude foi construído em terra de Revelhe, em Revelhe estão as estruturas administrativas e os caminhos de acesso à barragem; em Revelhe (lugar de S. Sebastião) está o centro de elevação e controle da conduta de água que, de lá, desce para a cidade de Fafe. Deste modo a água da barragem é armazenada em Revelhe e atravessa sempre a freguesia de
Revelhe.
Mas o autor vai mais
longe, questionando: “que interesses presidiram àquela confusão geográfica,
histórica e administrativa”. O Bispo emérito considera este facto um “abuso”,
reclamando a reposição da verdade, “corrigindo as placas de sinalização e a
inscrição feita na estrutura local, dizendo, com rigor geográfico e
administrativo, «Barragem de Revelhe» ou «Barragem de Cortegaça» ou «Barragem
de Sanoane» ou «Barragem de Miguel», afirmando ser este último o lugar que
consta no registo dos terrenos agrícolas submersos.
D. Joaquim sustenta
ainda que “nunca houve ali nenhum terreno ou povoação com o nome de
«queimadela», assegurando que este topónimo induz a pensar que a barragem
pertence à freguesia vizinha, Queimadela.
Por fim, o autor
agrava o tom e refere que, “Manter as coisas como estão será prolongar uma
fraude e uma violência que não honra ninguém, nomeadamente as autoridades”.
A cerca de duas
décadas da inauguração da Barragem de Fafe, em 5 de Outubro de 1993, D. Joaquim
Gonçalves, fafense distinto, perspicaz conhecedor da nobre terra que o viu
nascer há 76 anos, reivindica a posse, para Revelhe, de uma barragem que, na
sua opinião, foi erroneamente baptizada.
Nunca será tarde para
corrigir eventuais erros do passado.
Jesus Martinho
Texto publicado também no jornal:
14 Dezembro 2012
1 comentário:
O nome Barragem de Queimadela nada tem a ver com a sua localização, mas sim a origem de onde passa o rio Vizela para chegar a barragem: Queimadela.
Se uma barragem é um local de água, tem mais do que lógica ter o nome de origem e não de chegada.
Abuso é a guerra de poderes das freguesias maiores como Travassós e Revelhe em querer apoderar-se de tudo....
Não há nada como calcar os pequenos.....
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