O jornal “O Desforço”
de 2 de Março de há cento e dois anos relata-nos como foi festejada a
terça-feira Gorda na Vila de então.
A manhã acordou sem
sol, com alguma chuva que teria desencorajado muitos forasteiros. Mesmo com mau
tempo, no inicio da tarde começou a juntar-se muita gente no largo da Vila.
Pelas 15 horas alguns carros percorriam o largo “estabelecendo jogo com as damas
que se encontravam nas sacadas de algumas casas”… “ao anunciado concurso de
paródias carnavalescas concorreu uma estúrdia que se apresentou dentro de um
carro ornamentado com originalidade, com diversos utensílios de lavoura e uma
música de galos, com um grande ovo do qual saia um pinto. O jury, como não
houvesse mais concorrentes, incluiu o terceiro prémio nos dois primeiros, vindo
a ficar estes respectivamente de seis e quatro mil réis. O primeiro foi
distribuído à Esturdia e o segundo aos Gallitos”
Durante toda a tarde
o centro da Vila foi animado com os acordes da Banda de Música do Leonardo.
À noite realizou-se
um espectáculo no Teatro, menos concorrido que o de Domingo passado, mas nem
por isso menos animado, jogando-se confetis e serpentinas.
“Este espectáculo
abriu com uma aphoteose aos artistas, cuja Comissão se achava no palco. Foi
então que se ouviu o Hino dos artistas, especialmente composto em Lisboa para
ser estreado durante as festas.
Depois foi tocada a
“Portuguesa”com uma aphoteose à Republica.
Durante o animado
serão foram apresentados diversos números de comédia, récitas e monólogos que
arrancaram fortes aplausos da plateia.
Foi assim que há pouco
mais de um século, Fafe assistiu a um festejo carnavalesco com muita
“Republica” à mistura… afinal estávamos a menos de um ano da sua implantação e
o entusiasmo pela mudança era grande.
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