Contrariando a
tendência nacional, carteiros restauram os três marcos da cidade.
No início do século
XX existiam diversos marcos de correio dispersos pela antiga Vila. Facilitavam
a vida à população que, assim, não tinha de se deslocar aos Correios para
expedir a sua correspondência.
Os modernos meios de
comunicação fizeram diminuir significativamente o fluxo da correspondência
tradicional. Os pontos de recolha (marcos e caixas) são cada vez menos
utilizados.
Nos últimos dois
anos, os CTT Correios de Portugal SA removeram cerca de quatro centenas dos
15.000 postos de recolha existentes no país. Alguns autarcas têm mostrado a sua
insatisfação por esta medida “unilateral”, que, segundo algumas opiniões,
prejudica a vida das populações, sobretudo dos mais idosos, que não usam o
correio electrónico e têm “fraca mobilidade”.
Em Fafe, os três
velhos marcos de correio existentes continuarão activos por empenhamento dos
Correios e muito pela boa vontade de alguns carteiros que, voluntariamente,
fora do seu horário laboral, aos fins-de-semana, estão a recupera-los, com o
apoio de uma empresa local que disponibilizou alguns materiais.
Uma iniciativa
louvável que contribui também para salvaguardar um património alegadamente em
vias de extinção.
O Notícias de Fafe
falou com Belarmino Freitas, um dos carteiros, vivos, mais antigo da cidade.
Ingressou nos Correios em 1958 e durante muitos anos repartiu, com os seus dois
colegas, a tarefa de recolher a correspondência nos dois marcos existentes
naquela época: “um perto do extinto café Cafelândia e o outro junto da farmácia
nova”.
“Na altura abríamos os
marcos pelas 5 horas, para dar tempo a carimbar a correspondência que seguia em
malas no comboio das 5h45”. À tarde, pelas 16 horas, voltávamos a fazer nova
recolha para seguir no último comboio”, explicou.
“Lembro-me de ver o
marco da Cafelândia partido, por embate de uma viatura. Esteve sem funcionar
muitos meses e foi por minha iniciativa, falando com o chefe, que o marco foi
soldado e acabou por não se perder”, lembrou Belarmino Freitas que durante
muitos anos encheu a sua mala de cabedal com a abundante correspondência
depositada nos marcos de correio.
Actualmente não têm o
uso de antanho, são mais uma memória que os carteiros de Fafe querem preservar,
juntamente com as antigas caixas, espalhadas pelas aldeias deste concelho que
também vão ser alvo de conservação e restauro.
Fafe vai, assim,
conservar os seus três marcos de correio, resistente mobiliário urbano que, nos
anos 50 foi eternizado numa das mais ouvidas canções da rádio de então.
11 de Janeiro 2012
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