12 de janeiro de 2013

CTT CONSERVAM MARCOS DE CORREIO







Contrariando a tendência nacional, carteiros restauram os três marcos da cidade.




No início do século XX existiam diversos marcos de correio dispersos pela antiga Vila. Facilitavam a vida à população que, assim, não tinha de se deslocar aos Correios para expedir a sua correspondência.
Os modernos meios de comunicação fizeram diminuir significativamente o fluxo da correspondência tradicional. Os pontos de recolha (marcos e caixas) são cada vez menos utilizados.
Nos últimos dois anos, os CTT Correios de Portugal SA removeram cerca de quatro centenas dos 15.000 postos de recolha existentes no país. Alguns autarcas têm mostrado a sua insatisfação por esta medida “unilateral”, que, segundo algumas opiniões, prejudica a vida das populações, sobretudo dos mais idosos, que não usam o correio electrónico e têm “fraca mobilidade”.



Em Fafe, os três velhos marcos de correio existentes continuarão activos por empenhamento dos Correios e muito pela boa vontade de alguns carteiros que, voluntariamente, fora do seu horário laboral, aos fins-de-semana, estão a recupera-los, com o apoio de uma empresa local que disponibilizou alguns materiais.
Uma iniciativa louvável que contribui também para salvaguardar um património alegadamente em vias de extinção.


O Notícias de Fafe falou com Belarmino Freitas, um dos carteiros, vivos, mais antigo da cidade. Ingressou nos Correios em 1958 e durante muitos anos repartiu, com os seus dois colegas, a tarefa de recolher a correspondência nos dois marcos existentes naquela época: “um perto do extinto café Cafelândia e o outro junto da farmácia nova”.
“Na altura abríamos os marcos pelas 5 horas, para dar tempo a carimbar a correspondência que seguia em malas no comboio das 5h45”. À tarde, pelas 16 horas, voltávamos a fazer nova recolha para seguir no último comboio”, explicou.
“Lembro-me de ver o marco da Cafelândia partido, por embate de uma viatura. Esteve sem funcionar muitos meses e foi por minha iniciativa, falando com o chefe, que o marco foi soldado e acabou por não se perder”, lembrou Belarmino Freitas que durante muitos anos encheu a sua mala de cabedal com a abundante correspondência depositada nos marcos de correio.

Actualmente não têm o uso de antanho, são mais uma memória que os carteiros de Fafe querem preservar, juntamente com as antigas caixas, espalhadas pelas aldeias deste concelho que também vão ser alvo de conservação e restauro.
Fafe vai, assim, conservar os seus três marcos de correio, resistente mobiliário urbano que, nos anos 50 foi eternizado numa das mais ouvidas canções da rádio de então.


11 de Janeiro 2012




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