“Coisas de Fafe”
«…A Fábrica do Ferro é um dos grandes estabelecimentos industriaes de Portugal.
As industrias de fiação, tecelagem e branqueação, chegaram, n’aquelle estabelecimento, a uma grande perfeição…
Para o preparo da branqueação, como todos nós sabemos, é empregado o chloreto de calcium. O acido sulfúrico e outros produtos chimicos que teem grande poder descorante. Sem essas drogas nada ou quasi nada se poderia fazer, porque a exposição ao sol alem de ser morosa, era talvez alem de dificiente, bastante cara.
Até aqui tudo muito bem.
Mas o que faz a Fábrica do Ferro é que de tempos em tempos despeja os seus tanques de branqueação para o rio dando causa á mortandade dos peixes do rio Ferro, a ponto que, do local onde está estabelecida a fabrica, até Armil, ao lugar da egreja, não aparece um único exemplar da fauna fluvial.
Pedir providencias seria escusado. Porque neste paiz quem manda são os poderosos, e os humildes, esses teeem de aguentar com todas as albardas que lhe quiserem collocar ao lombo até ao dia que o povo soberano comppreenda, como deve comppreender a sua força e o seu valor.
Repetimos: não pedimos providencias mas no entanto não podemos deixar de escrever o que diz o Regulamento do serviço hydraulico de 2 de Dezembro de 1886 (artigo 142), que prohibe, sob pena de multa, lançar aos rios objectos nocivos á salubridade publica e á existência do peixe, quer seja em consequência de exploração de alguma industria ou por outra qualquer causa.
Nada mais temos a dizer.
Os poderes competentes que cumpram o seu dever.»
In: Jornal “O Desforço” de 14 de Janeiro de 1897
Qualquer semelhança deste artigo de finais do século XIX e a realidade actual é mera coincidência!
114 anos depois já se pesca boas trutas no Rio Ferro!
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