A imaginária "Bicha das Sete Cabeças"
As Lendas fazem parte do imaginário popular, de origem ancestral, que por vezes se repetem em áreas geográficas distintas. É o caso da lenda da "Bicha das Sete Cabeças" ainda presente na memória de muitos naturais da freguesia de Ribeiros, mas que também existe na zona de Espinho.
A ORIGEM:
A origem do "bicho das sete cabeças" pode residir na mitologia grega, mais precisamente na história da Hidra de
Lerna. Diz a lenda que a hidra era um monstro de sete cabeças que, ao serem
cortadas, renasciam. Matar este animal foi uma das doze proezas realizadas por
Hércules.
A LENDA:
Conta-se que, há muitos anos, num lugar de Moreira de Rei,
existia uma enorme cobra (bicha) escondida nos silvedos, que trazia as
populações aterrorizadas, pois comia as pessoas e os animais que por ali
passavam.
Os atemorizados
habitantes do lugar, hoje denominado «Vale da Bicha» resolveram atear fogo às
silvas e, assim, destruírem a bicha... Mas não contavam com uma coisa: a bicha
tinha asas e voava!... Voou na direcção de Ribeiros vindo a poisar no lugar do
Vinco, onde hoje existe o cemitério... E continuou aí a sua sanha destruidora,
começada em Moreira de Rei.
Pequena escultura representando uma serpente no portal da Casa de Paços Séc. XIX em Ribeiros. |
Contra isto reagiu um
senhor da Casa de Paços, que resolveu matá-la. Pegando na sua espada e
acompanhado da sua cadelinha, dirigiu-se ao Vinco para matar a bicha... Mas
também ele teve uma surpresa: a bicha já não estava sozinha; tivera,
entretanto, seis filhos...
O nosso herói, porém,
não desanimou... Mandou a cadela tomar conta dos filhos da bicha e,
desembainhando a espada, iniciou a luta com a mãe.
Entretanto, cada a
noite... O nosso homem, temendo que a luz do dia lhe não lhe permitisse acabar
a missão a que se afoitara, invocou Santa Maria, padroeira da freguesia de
Ribeiros...
Dirigindo-se ao Céu,
exclamou: «Santa Maria de Ribeiros, alumiai-me!»... E uma estrela, descendo do
Alto, poisou num penedo e alumiou-o... Então ele, depois de matar a mãe, matou
os filhos da bicha... Em seguida, dirigiu-se para casa, deitou-se e jamais se
levantou.
Fonte Bibliográfica: COIMBRA, Artur Ferreira, A Terra e a
Memória Fafe, Câmara Municipal de Fafe, 1997 , p.326
A RECRIAÇÃO NAS JORNADAS LITERÁRIAS
Já muito poucos fafenses, digo eu, terão dúvidas relativamente à eficácia das nossas Jornadas Literárias, também no que se refere ao resgate do património dito imaterial. O imaginário popular das gentes de Ribeiros foi trazido para a rua, no fabuloso Cortejo Etnográfico que, no dia 28 de Abril, fechou com chave de ouro as 4ªs Jornadas Literárias de Fafe. Revivendo a velha lenda, a freguesia dos "Ribeiros" participou no desfile com um engenhoso "carro" recriando a mitológica "bicha das sete cabeças".
Sem comentários:
Enviar um comentário