1 de novembro de 2012

RECORDAÇÃO DAS DESFOLHADAS DE ANTANHO





Esta braçada de milho recorda-me centenas das que passaram pelos meus braços. Tenho saudade daquelas grandes desfolhadas nocturnas com aproximadamente cem pessoas com o tradicional aparecimento de muitos mascarados a passar pela desfolhada fazendo grandes travessuras. Aquela entrada majestosa do boi na desfolhada colocava toda a gente em alvoroço. Para aqueles que desconhecem essa tradição, descrevo a constituição do boi, o maior par de cornos que se arranjavam eram fixados a uma estrutura de madeira imitando a cabeça do boi, uma grande corda que era puxada por um elemento que caia para todos os lados demonstrando grande medo, o corpo do boi era formado por uma grande cortiça com três ou quatro elementos por baixo da mesma, cobertos com um grande tolde em pano do qual era formado um grande rabo, seguro por outro elemento que hora rastejava, hora levantava e caia, fazia rir toda a gente, ao lado do boi seguiam vários elementos que com grandes varas batiam no boi, para que o mesmo ficasse mais agressivo. Todos os participantes iam o mais mascarados possível para não serem conhecidos. Não havia moça que ficasse no seu lugar, era um enorme reboliço quando o boi passava. Grande saudade da felicidade de encontrar a espiga de milho rei que permitia dar um beijo na moça desejada. No final aquelas sardinhas, aquele codornos cozidos toda aquela alegria que hoje parece nem existir. Esta tradição existia na freguesia de Alvite Cabeceiras de Basto.

Francisco Mateus

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