Esta braçada de milho
recorda-me centenas das que passaram pelos meus braços. Tenho saudade daquelas
grandes desfolhadas nocturnas com aproximadamente cem pessoas com o tradicional
aparecimento de muitos mascarados a passar pela desfolhada fazendo grandes travessuras.
Aquela entrada majestosa do boi na desfolhada colocava toda a gente em
alvoroço. Para aqueles que desconhecem essa tradição, descrevo a constituição
do boi, o maior par de cornos que se arranjavam eram fixados a uma estrutura de
madeira imitando a cabeça do boi, uma grande corda que era puxada por um
elemento que caia para todos os lados demonstrando grande medo, o corpo do boi
era formado por uma grande cortiça com três ou quatro elementos por baixo da
mesma, cobertos com um grande tolde em pano do qual era formado um grande rabo,
seguro por outro elemento que hora rastejava, hora levantava e caia, fazia rir
toda a gente, ao lado do boi seguiam vários elementos que com grandes varas
batiam no boi, para que o mesmo ficasse mais agressivo. Todos os participantes
iam o mais mascarados possível para não serem conhecidos. Não havia moça que
ficasse no seu lugar, era um enorme reboliço quando o boi passava. Grande
saudade da felicidade de encontrar a espiga de milho rei que permitia dar um
beijo na moça desejada. No final aquelas sardinhas, aquele codornos cozidos
toda aquela alegria que hoje parece nem existir. Esta tradição existia na
freguesia de Alvite Cabeceiras de Basto.
Francisco Mateus
Sem comentários:
Enviar um comentário