Povoado Castrejo de Santo Ovídio cada vez mais ameaçado
O Povoado Castrejo de Santo
Ovídio, em Fafe, parcialmente escavado nos anos 80, classificado como Imóvel de
Interesse Público, acaba de sofrer nova “machadada”.
Na transição para 2015 a
reactivada unidade fabril instalada entre uma zona habitacional e as ruínas
arqueológicas do “Castro de Santo Ovídio”, construiu um novo pavilhão,
alargando, quase para o dobro o seu espaço coberto, encurtando a já exígua faixa
entre a fábrica e conjunto proto-histórico, posteriormente romanizado.
Alegadamente em zona “non aedificandi”,
este monstruoso pavilhão vem poluir ainda mais a paisagem e o ambiente que,
naquele local, deveria ser o mais harmonioso possível.
Por outo lado, o que ainda
resta das ruínas trazidas à luz do dia, em estado de completo abandono,
encontra-se profundamente ameaçado e se não forem tomadas medidas urgentes, o
principal conjunto arqueológico do concelho de Fafe acabará por desaparecer.
A crise não pode ser pretexto
para a destruição do nosso património, não deve justificar procedimentos,
supostamente à margem da Lei.
O património cultural é de
todos e todos, sem excepção, temos o dever de o proteger… está consagrado na Lei.
Mas, nem sempre a Lei prevalece e se impõe aos interesses económicos, a um
progresso não sustentado que, aos poucos, apaga a nossa memória colectiva,
legado de um passado ancestral que urge salvaguardar.
O emblemático Monte de Santo Ovídio,
com todas as suas potencialidades, tem, ao longo dos anos, sofrido graves agressões,
quase sempre, sob a passividade dos responsáveis que nada de significativo
fizeram para a valorização de um dos mais antigos testemunhos da história
fafense, mesmo às portas da cidade.
Aquela fábrica jamais deveria
existir naquele local. Os protestos dos moradores não tiveram consequências
positivas. A resposta dos decisores foi, alegadamente, autorizar o alargamento
da poluidora unidade fabril, agravando, ainda mais, a qualidade de vida de quem
ali habita!
Quanto às ruínas, com o
crescente agravamento do seu estado de conservação, mais vale proceder ao seu “enterramento”,
escondendo-as sob terra, de onde nunca deveriam ter saído, atendendo ao seu malfadado
destino. Cubram-se de uma vez as vergonhas e preservem-se os "restos mortais" das ruínas em “sepulcro”, até ao dia em que os detentores dos poderes valorizem realmente o nosso
património arqueológico.
Fotos: Janeiro de 2015
1 comentário:
Se está classificado os responsáveis podem ser accionados judicialmente. Convém vertambém. o que diz o pdm, mas podem começar por apresentar uma queixa junto da Direcção Geral do Património Cultural (Direcção Regional de Cultura do Norte)
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