A propósito da noite de Reis em Fafe, o semanário “O Desforço”
de 11 de Janeiro de 1900, publicou um breve relato que seguidamente
transcrevemos.
A Noite de Reis
«Bem ao contrário das Janeiras, esteve muito animada a
noite de Reis entre nós, vendo-se logo ao anoitecer numerosas ranchadas de
rapazes por essas ruas a cantar ás portas das habitações, e mais tarde, rapazes
imberbes, de mistura com mulheres, também cantavam uns Reis avengados, estafados
mesmo, muito á ligeira e tirintando, mortos por se raspar ao frio cortante da
noite.
As músicas, que andavam em corrimaça, a ver quem apanhava
mais e primeiro, tocavam coisas já conhecidas mas ainda assim seguiam-n’as partidários
e disfrutadores em avultado numero.
Orem ahi pela meia-noite, quando era costume prosseguirem pelas
ruas ranchadas de bohemios com seus instrumentos e descantes, já nada havia,
cruzando apenas as ruas um ou outro vulto. Tudo estava sossegado, cafés e
tascas fechadas, ao menos no centro da villa.
E’ que a noite não estava luarina e era fria a valer. Não excitava
a rameira ao descante nem o ébrio á guitarrada!
E assim se passam estas noites que animam, que
enthusiasmam.»

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