A inauguração do
cinema sonoro em Fafe aconteceu na quinta-feira, 17 de Novembro de 1932, há 79
anos.
A este respeito o
jornal “O Desforço” de 24 de Novembro de 1932 refere o seguinte:
«A inauguração do
Cinema Sonoro em Fafe, feita na quinta-feira no importante Teatro-Cinema, foi
motivo de grande e geral regosijo, por esse facto demonstrar que esta linda
terra continua a marcar, vestindo, de mãos dadas com as cidades, os figurinos
da época.
Excedeu a expectativa.
E, a despeito da
chuva torrencial que caiu, a bela casa de espectáculos, primorosamente
modernisada – a quem diz modernisada, diz actualizada a todos os requisitos,
perfeita na excepção da palavra, pois nada lhe falta em condições de segurança,
de higiene, de asseio, de conforto proporcionado ao publico, conforto e luxo,
onde deviam ter sido gastos para cima de 300 contos – encheu por completo.
Vieram bastantes famílias
dos concelhos visinhos, muita gente das freguesias ruraes e uma imensidade de
pessoas da vila – casa completamente cheia – todos ávidos de ver e ouvir, pois
para a maior parte o Cinema Sonoro ainda era desconhecido.
O Cinema Mudo, que
teve a sua época, é hoje incompleto para a nossa maneira de ser; etapa na
carreira da fotografia em movimento, que mais tarde teria de animar-se com o
eforço de Auguste Baron – Pae do sonoro que hoje vive na miséria em Newilly –
já estava a fatigar e a a adormecer.
O Sonóro,
aproximando-se mais da verdade da nossa vida e das nossas senssações, que
empolga e sugestiona as plateias com o som dos seus auto-falantes, veio relegar
o mudo para o museu das coisas históricas, e ganhou mesmo vantagens ao teatro,
em emoção, em arte e suptuosidade, oferecendo-nos quasi ao vivo, musica,
canções e bailados.
E foi isso que a
reabertura do Teatro, há muito anciada, foi motivo, no dia 17, de grande e
geral regosijo, agradando sobremodo a elegância do écran, ao qual a plateia unânime
e entusiasticamente seu uma salva de palmas, que o mesmo foi felicitar, aclamar
a Empresa pelo primor, pela excelência, pela perfeição.
Decorreu depois a
sessão, uma sessão alegre, animada, em que sobressaiu a encantadora opereta «A
Loucura de Monte Carlo». O programa foi bem escolhido e a sessão agradou
plenamente.
Mas, como nesta,
todas as quintas feiras e domingos o publico terá ensejo de ver surpreendentes “soirées”
faladas, musicadas, autênticos sucessos em graça, hilariante, aventuras, amor,
etc.
Em suma: o Teatro-Cinema.
A jóia dos teatros portugueses – proporciona, com a melhor e mais perfeita
aparelhagem sonora, duas vezes por semana, ao publico da nossa terra e dos concelhos
vizinhos, com preços acessíveis, os mais agradáveis passatempos, tirando-nos da
monotonia profunda em que vivíamos, pois nem só de pão vive o homem….
Por isso não nos
cansamos de louvar quem, não se poupando a demasiadas despezas e grandes
trabalhos, nos sabe nivelar com os meios mais adiantados onde se gosa o bom o
belo e o gradavel. A casa de domingo encheu-se também e o “Cruzeiro de Amor”,
como as restantes partes da sessão, muito agradaram.»



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